quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Forgotten Group #02

Quem são os heróis:
Aldred Castell Maedoc III
Aldred é um jovem humano de 16 anos que acabou de conhecer Lander, o elfo, e um grupo de aventureiros excêntricos. Ele deseja se enturmar o quanto antes e iniciar o caminho para seu sonho de ser um dos maiores heróis de Arton.

Rendell Postle
Rendell chegou a Valkaria com o orc Luke e encontrou o restante de seu grupo. Souberam da proposta de Lander, o elfo, que buscava aventureiros para uma missão ainda não revelada. Admirador da rica cultura élfica, ele deseja descobrir o teor da missão e julgar se valerá a pena.

Lander
O elfo está cansado de cidades humanas. Quer iniciar sua vingança pessoal contra a Aliança Negra e para isso, começará desmantelando um bando de goblinóides. Para isso, ele terá que se unir a aventureiros e não pretende ser muito criterioso, pois não está pensando em criar vínculos afetivos.

Luke
Luke deseja comida e lutar. Rendell quer ensiná-lo a ler e escrever, o deixando meio entediado. Ele agradece aos deuses por encontrar o orelhudo para enfim matar pessoas sem ser caçado por isso.

Sir Allan Howard
O cavaleiro demonstrou interesse em “la plata” e, juntamente com Parak, pensa em pilhar os monstros goblinóides e conseguir fama de herói salvador do povo.

Parak
Esse goblin é bastante típico, não tem senso de irmandade entre os seus, e por isso quer o mesmo que seu amigo cavaleiro. Antes seus “irmãos” mortos por valentes heróis do que ele mesmo.


A história até aqui:
Lander foi a Valkaria reunir um grupo de aventureiros para uma missão específica não revelada com detalhes. Apenas o mote principal é um dos mais tradicionais no meio dos aventureiros: matar goblinóides. Todavia, Parak e Luke, membros do que se poderia considerar goblinóide, não parecem possuir problemas com isso.
Aldred conseguiu ser aceito no grupo novo, enquanto Rendell e sir Allan, apesar de parecidos em suas imponências, possuem objetivos bastante distintos.


Episódio 02- Morte aos Goblinóides



O suor escorria abundante debaixo do elmo de Rendell, o paladino de Tanna-Toh. Ele observava seus companheiros, todos cansados e alguns feridos. Retirando o elmo, ele pôde ver com mais clareza os corpos dos goblins espalhados pela grama. O bosque e a aldeia ali próximos estavam salvos. A bandeira rudimentar com o macabro símbolo do sol em eclipse de Ragnar, o deus goblinóide da morte, estava quebrada ao meio, pisoteada no centro daquele embate.
- Goblins fraquinhos. – Comentou Luke, enquanto guardava seu machado enorme com sangue gotejando da lâmina.
- Eu não achei. – Parak ajudava sir Allan a retirar o escudo de metal preso ao braço e a afrouxar fivelas de sua armadura escamada. Estava de mau humor por ter cortado o braço quando um “irmão” o cortou com uma machadinha.
- De qualquer forma, os aldeões sofrem de pobreza extrema. E este é um inimigo que não podemos matar. Nem vale a pena pedir recompensa. – O cavaleiro da luz jazia sentado sobre um pedregulho com as pernas abertas, sendo rodeado pelo colega goblin. Tratou de esvaziar um cantil e jogar o restante no rosto.
O sol estava a pino, reinante solitário no céu daquele verão. Aldred pensava que havia lutado bem. Fora seu primeiro combate de verdade e ele conseguiu derrotar o maior número de inimigos com seus socos certeiros e chutes poderosos. Nem mesmo Luke podia equipará-lo. A verdade era que o orc não estava interessado em lutar contra oponentes tão fracos e de gosto ruim. Ele estava mais interessado nas vacas dos fazendeiros próximos da aldeia.
Lander caminhava com leveza típica de sua raça, sem marcar o solo com seus passos. Olhava os corpos com sobrancelhas franzidas e de vez em quando testava a direção do vento.
- Está vendo se existem mais goblins pela região? Acredito que eles tenham um covil aqui próximo. Fomos agraciados pela sorte de encontrar estes goblins em direção da aldeia. Mas duvido que tenham partido com força total. Eram muitos, mas careciam de um líder. Este deve estar aguardando longe.
Rendell só teve certeza de que Lander o ouvira porque era um elfo e estava muito próximo quando começou a conjecturar. Mas não tinha certeza se ele prestara atenção.
- Encontrei. – Com um sorriso de canto de boca, Lander pegou um amuleto perto de um dos goblins partidos ao meio, causados pelo cruel corte vertical do machado de Luke. – Venham.
- Estimado elfo, acredito que esse seja o momento em que nos explica seus planos. – Sir Allan estava de pé com peito estufado, capa esvoaçante. Ele não usava elmo, pois gostava que vissem seu belo rosto de cavaleiro galante.
- Não entenderam ainda? É muito simples. Goblinóides. Monstros. Sei onde tem mais. Vamos matá-los.
Aldred não entendia muito bem o propósito. Sabia que alguns goblins espalhados pelos ermos eram selvagens e atacavam aldeias indefesas. Mas geralmente esta ameaça era combatida por milicianos ou mesmo pelos Patrulheiros da Deusa, uma organização militar itinerante. Dentro do território de Deheon não havia nada que escapasse de seus olhos vigilantes.
- Não que eu ligue para furar os crânios de meus irmãos goblins, mas realmente, Lander, ficar lutando o dia inteiro pode ser perigoso. Precisamos de estratégia para ver se os outros goblinóides são muitos, se tem um esconderijo osso duro de invadir. – Parak rapidamente colocou as mãos na boca, recordando-se da proibição de Lander.
- Vocês querem historinha? Vou lhes dar uma. Era uma vez um bando de goblinóides que invadiram uma cidade humana ao sul. Khalifor não suportou muito quando as máquinas de guerra surgiram do chão. Algumas pessoas fugiram, a maioria morreu ou virou escrava. Um elfo conseguiu fugir com alguns plebeus, comerciantes e outros fracos demais para lutar. Então, um bando de goblinóides nos perseguiu e nos encontrou na quinta noite de fuga. Somente eu sobrevivi. Apesar disso, levei uns dois goblins para o encontro com seu deus. E encontrei em seus corpos este amuleto. E estes bichos aqui também o possuíam. Portanto...
- ... são o mesmo grupo. – Completou Luke com um rosnado. – O que estamos esperando?
- Pergunte a seus colegas. – Cutucou Lander.
Rendell pegou o amuleto e lançou um olhar longo, olhando cada detalhe. Era um objeto do tamanho de um punho fechado, feito de ferro e possuía gravuras, inscrições. Houve uma expectativa no ar.
- Não faço ideia do que signifique. – Foram as palavras do paladino. Parak mostrou a língua. Sir Allan soltou um leve sorriso. – Sugiro voltarmos a Valkaria, afinal, são apenas algumas horas de caminhada. Estou certo de que a Biblioteca das Duas Deusas terá a resposta para este mistério.
- Não há mistério algum. Se não formos agora seguir esta trilha deixada pelos goblins, quem sabe quando poderemos encontrar o restante? – Lander deu passos largos e pesados em direção a Rendell. Eles miraram olhares e se mediram. Aldred sentiu o clima pesado e não conseguiu furtar-se de intervir.
- Gente, podemos nos dividir. Somos seis. Três retornam a Valkaria, três seguem a trilha. Mas os que vão para a trilha não engajam em combate, apenas observa o esconderijo do restante dos inimigos. Os outros três que vão para Valkaria tem apenas dois dias para encontrar o significado dessas... desse... daquilo ali.
Dividir um grupo não parecia ser uma boa ideia. Rendell balançou a cabeça, mas sir Allan aplaudiu.
- Boa ideia, rapaz. Eu e Parak voltamos para Valkaria. Investigaremos na Biblioteca. Sei que o nosso nobre paladino queria voltar e pesquisar ele mesmo, mas acredito que as proteções da deusa do conhecimento podem ser mais úteis com Lander. Afinal, vimos que o elfo carece de bom senso.
O ranger não alterou sua expressão, parecia distante, olhando os arredores.
Rendell torceu a boca balançando a cabeça, mas nada disse.
- Então é isso? Vamos embora, cavaleiro. A gente marca o reencontro na aldeia, certo? Daqui dois dias, ao sol a pino. Que Nimb role bons dados para vocês todos. – Parak pegou sua mochila e ajeitou rapidamente. Com suas pernas tortas agitadas, já caminhava de volta para a estrada principal. Sir Allan abraçou Rendell em um breve momento.
Assim, o grupo se separava.
***
Era uma noite cheia de nuvens e o cheiro da terra fez Lander encontrar entre a junção de árvores um abrigo em que somente um elfo poderia enxergar. Sem alterar praticamente em nada o lugar, apenas movendo algumas folhas e prendendo umas as outras, os quatro poderiam passar a noite somente úmidos e não encharcados.
Ele ficou de olhos bem abertos no começo, enquanto todos se ajeitavam sobre seus sacos de dormir. Aldred era o único a não possuir nenhum equipamento, sequer uma mochila, a não ser sua espada ainda não desembainhada.
Apesar do olhar severo de Lander, Rendell ascendeu sua lamparina trazendo um pouco mais que penumbra no esconderijo. Luke, ocupando metade do lugar estava sentado com a cabeça enterrada nos ombros. Balbuciava resmungos.
- Não adianta vir de bico. Lembre-se do que combinamos. Aprenderá a ler durante as noites de viagem. Vamos, precisa aprender a escrever seu nome pelo menos. – Rendell abriu um livro com capa de couro resistente e deu ao orc uma pena. Aldred ficou curioso.
- Você preza muito por ele, não é?
- Sim, eu considero Luke um amigo. – Rendell mostrou um leve sorriso ao ver o orc tentando ler em voz baixa, compenetrado no livro.
- Mas não vê amizade em Allan Howard, não é mesmo? – A rispidez de Lander parecia um alerta de inimigo próximo. Aldred ajeitou-se desconfortavelmente tentando não encostar-se a Luke ou em Rendell.
Houve um momento de silêncio, mas todos sabiam que um devoto de Tanna-Toh jamais poderia deixar de responder uma pergunta direta.
- Não. E ele sabe disso. Bem como Parak e Luke. Então, você o ouviu? – Rendell imaginou que o elfo havia escutado as palavras de sir Allan em seu ouvido, ditas ao se despedirem.
Lander não era devoto da deusa do conhecimento, não precisa responder. Apesar disso, inclinou a cabeça com um leve sorriso satisfeito.
- Cavaleiro da luz mercenário e amigo de goblins. Como foi que o conheceu?
- Vou lhe responder. Mas antes, deixo claro sua generalização inculta sobre os goblins. Eles são uma raça com a mesquinharia em seu sangue? Decerto. Mas muitos indivíduos se inclinam para o bem. De todas as raças. Obviamente, não é o caso de Parak. Mas ele não possui a maldade em seu coração.
- Pare de enrolar. Sir Allan Howard deve adorar ter você como companheiro. Nenhum segredo para ele, todos para você.
Rendell respirou fundo, pois detestava ser interrompido.
- Conheci sir Allan em um torneio no feudo de Bedivere em Bielefeld, na divisa com Yuden, meu reino natal. Galante, o cavaleiro despertou minha curiosidade ao contar a todos sua supremacia na justa na forma de títulos apresentados em pergaminhos muito bem detalhados. Um jovem cavaleiro não poderia ter tantos títulos. Ninguém questionou, pois ninguém queria duvidar da honra da família Howard. Mas eu sou uma pessoa bastante curiosa e não sou afetado por essas convenções mundanas. Portanto, analisei tais pergaminhos. Para meu olhar minucioso, eram obviamente falsos.
Luke parou de mexer no livro e passou a escutar a história. Lander estava próximo da saída do esconderijo entre as folhas. Parecia distante, mas o paladino dessa vez sabia que estava ouvindo.
- Confrontei discretamente sir Allan. Expus meu raciocínio e vi um jovem assustado, querendo provar ser alguém que ainda não era. Ele tinha potencial, como pudemos ver hoje de manhã. Mas parecia sofrer uma pressão por ser o melhor, para nascer sabendo. Assim, o convidei para viajar comigo e montarmos uma associação. Ele ganharia experiência e fama se viajasse comigo.
Lander voltou a olhar Rendell com desdém.
- Humanos são assim mesmo. Gananciosos, agitados e barulhentos. Não me admiro, pois suas vidas curtas não lhes dão pouco tempo para refletir alguma coisa. Seu legado é a guerra. A fome, morte, doença, destruição. – Lander cuspiu, ignorando o cenho franzido de Aldred. O garoto só ouvia. Não se sentia capaz de dialogar com pessoas tão experientes. Aprendia tudo que podia.
- Discordo dessa visão pessimista sobre os humanos. Mas entendo como você chegou a ela, Lander. Não vivi o que você viveu, mas a amargura em suas palavras reforçam o caráter imparcial de suas análises. Os humanos, bem como todas as raças, têm o bem e o mal em seus corações. Alguns pendem para um lado e outros para o outro. Outros são confusos, precisam apenas de orientação. Veja o exemplo de Luke. Eu visitei uma vila com sir Allan e descobri que um orc a protegia. Tentei encontrar a criatura, já querendo saber tudo sobre ela e não a encontrei. Quando voltamos à estrada, encontrei Luke desmaiado de fome em uma região de pradaria, sem caça, sem nada. Quando o alimentei, ele ficou grato e decidiu me seguir. Com a convivência pude notar em seu intelecto simplório, a vontade de viver e sua curiosidade sobre comida. Ele jamais havia experimentado nada parecido com o que as pessoas das cidades comiam. Claro, você pode achar ingênuo ou estúpido, mas para ele é um objetivo de vida.
Luke bocejou e se recostou. Em segundos, sua respiração carregada podia ser ouvida em quilômetros. Aldred viu em Rendell um verdadeiro líder. Um homem de bom coração. Um paladino rosto ossudo, corpo bem magro, dentro de uma armadura de metal. Para o jovem, Lander era o oposto. Alguém amargurado demais que desmotivava. O elfo fechou os olhos da posição que estava e logo não se sabia se estava dormindo ou meditando.
- E Parak? – Aldred arriscou depois de um tempo. – Desculpa te perguntar, sei que não pode não me responder.
- Tudo bem, Aldred. Nada tenho a esconder, por favor. Quem me apresentou foi sir Allan, em Valkaria. Parak é um mistério para mim. A princípio, um goblin de fora de Valkaria. Seu sotaque não é deheoni típico, nem possui o sotaque dos goblins da favela.
- Acha que os dois estão tramando algo... de ruim? – A falta de vocabulário fez Aldred o desanimou de continuar conversando.
- Não sei. É provável. Talvez não os encontremos mais. Talvez os encontremos na aldeia depois de amanhã. O futuro a Thyatis pertence.
***
Aldred acordou com um cutucão na costela. Lander estava com sua espada longa empapada de sangue. Na outra mão, segurava a cabeça de Luke. Os olhos arregalados fizeram o elfo mostrar todos os dentes no sorriso.
O susto fez Rendell perguntar-lhe se estava tudo bem. E somente ao ver Luke afiando seu machado enorme fez Aldred se acalmar. A cabeça na mão de Lander era de um orc qualquer.
Eles avançaram a passos vagarosos. Lander bem à frente. Aldred no meio com Luke próximo e Rendell bem atrás, pois o metal escamado produzia um som indiscreto. O elfo explicou que o orc morto era um batedor. Ou seja, não deviam estar longe do esconderijo.
O dia estava nublado e as árvores enormes com suas copas não ajudavam na iluminação. A chuva prometida da noite anterior não veio, mas podia desabar a qualquer momento. Lander queria apressar o passo para não perder os rastros de sua caça. Aldred caminhava olhando sempre a frente, mas a repetição dos movimentos logo se tornou monótona. E ele devaneou em recordações e pensamentos sobre seu futuro como grande herói ao lado de Rendell. Então, perdeu Lander de vista. Olhou rapidamente para Luke e percebeu sua desatenção, observando as copas das árvores, preocupado com não se sabe o que. Aldred virou o rosto rapidamente para trás e viu Rendell muito distante, quase não era possível divisar seu rosto dentro do elmo.
Resmungando, Aldred sussurrou pelo elfo. Depois sussurrou com a voz mais grossa. Uma fruta seca caiu em sua cabeça. Era parte da ração de viagem que ele comia dividindo com os outros. Lander estava sobre uma árvore com um dedo sobre os lábios e o cenho franzido. Depois, pôs-se a observar o horizonte.
Rendell, enfim, aproximou-se. Lander deslizou pela árvore ao encontro dos demais.
- Encontrei. Eles tiveram muito tempo. Estão aqui há pelo menos duas semanas. Cortaram árvores, construíram quartos. É uma aldeia militarizada. São goblins organizados. Orcs patrulham a paliçada. Vi pelo menos um hobgoblin. É possível que existam mais. Não vi clérigos.
- Por Tanna-Toh! Um acampamento da Aliança Negra tão próximo de Valkaria? O que está acontecendo aqui? Vamos chamar os Patrulheiros da Deusa. Somente a força das autoridades poderão devastar esse grupo. – Rendell ficou agitado. Aldred achou meio frustrante o fato de terminar uma missão chamando as autoridades. Não havia nada de heroico nisso.
- Podemos matar todos. – Resmungou Luke pegando seu machado gigantesco.
- São pelo menos quatro goblins, apenas dois orcs (já que matei um) e um, talvez dois hobgoblins. Damos conta. – Lander disse fazendo sua espada longa assobiar.
Rendell balançou a cabeça.
- Sete inimigos confirmados. Podendo ser oito ou mais. Não é uma investida esperta. Além do mais, combinamos com sir Allan e Parak de encontrá-los na aldeia amanhã. Sem engajar com os inimigos. Aldred mesmo sugeriu.
- Mas eu falei de três vir investigar. Somos quarto. E eles não são tantos assim, derrotamos mais do que isso quando encontramos na trilha perto da aldeia. – Aldred queria lutar, sentir a adrenalina. Apesar do medo de se ferir, ele queria aprimorar suas técnicas.
- Não. Será perigoso de... – Uma gritaria fez o interrompido Rendell ranger os dentes. Mas todos pegaram em armas quando viram um homem subitamente próximo a eles.
Ele vestia uma capa negra sobre uma camisa de algodão cinza e calças de couro resistentes. Seus cabelos eram castanhos bem claros, lisos e ele possuía óculos. Entretanto, sua característica mais marcante era a tatuagem intrincada, começando pelos seus braços, passando por seu rosto de forma levemente sutil ao redor dos olhos e na testa.
- Meu irmão é um estúpido e está indo se matar. Por acaso vão deixar isso acontecer? – Ele disse com sarcasmo no sorriso. Todos olharam um homem, de fato, parecido com ele.
Era da mesma estatura mediana, mesmos cabelos lisos, mas mais escuros e vestia uma armadura de couro endurecido com placas de metal. Ele girava uma espada de lâmina larga enquanto gritava por atenção.
Aldred fez menção de sacar sua espada, mas subitamente desistiu. Rendell avançou a pesados passos, enquanto Luke pulou, aproveitando sua enorme estatura, para perto do homem. Lander, então, absurdamente, apontou a espada para o homem de capuz.
- Explique-se.
Aldred perdeu a paciência. Era a primeira vez que confrontava Lander, o empurrando.
- Depois!
***
Rendell e Luke combatiam os goblins. Estes, mais espertos, lutavam próximos e conseguiam desviar dos incríveis golpes do machado de Luke. Rendell aproximava com seu escudo, defendendo um ataque e desferia poderosas marradas, mas também bloqueadas pelos escudos inimigos. Aldred foi de encontro do hobgoblin e descobriu que era um clérigo do deus da morte, a julgar pelo símbolo de Ragnar desenhado primitivamente no escudo. Socos não faziam efeito, uma vez que o escudo era muito grande. A maça pesada do clérigo também não conseguia acertar Aldred com sua agilidade. Enquanto isso, Lander e o homem com a espada de lâmina larga lutavam contra os orcs.
- Quem são vocês? – Insistia Lander. Ele não conseguia entender o sentido de prioridades.
- Eu sou Rhayner Sagrell! Meu irmão é Dathan Sagrell! – Gritou o guerreiro enquanto desviava de uma estocada de lança com um sorriso largo.
Projéteis brotaram por trás de todos, acertando dois goblins no peito, rompendo a formação de escudos. A magia derreteu os escudos e o ácido também agrediu a pele dos goblins. Dathan aproximava com cuidado, buscando proteção de uma construção de madeira. Rendell e Luke, enfim derrotaram os goblins restantes, amedrontados.
Aldred ouviu o clérigo conjurar uma prece na horrenda língua goblinóide e imaginou que terríveis profanações poderiam ocorrer consigo. O hobgoblin tentou tocá-lo subitamente. Mas o jovem aparou o toque com seu braço, evitando a mão pestilenta, e abriu a brecha perfeita para um soco direto no queixo. Aproveitando o movimento, chutou a costela. Nem mesmo a proteção de metal evitou o trincar de costelas. O sacerdote da morte tombou.
Quando os orcs caíram, todos perceberam que a batalha tinha acabado. Entretanto, antes que pudessem se reunir, os aventureiros ouviram sons de cavalgadas. Eles olharam o horizonte, um hobgoblin fugira subindo uma colina entrecortada pelas altas árvores do bosque. Era inútil iniciar a perseguição.
Lander serrou o punho e socou uma parede de madeira.
Os quatro agora estavam num acampamento fantasma ao lado de dois estranhos irmãos.

Impressões do Mestre:
Neste episódio são introduzidos rapidamente dois personagens novos, inspirados em dois novos jogadores, o Daniel (Dathan) e Raphael (Rhayner) que também são irmãos. O grupo crescia rapidamente, aproveitando-se de quando um ou dois membros faltavam às sessões. Luisão ainda era o mestre da principal campanha, porém amadurecia a possibilidade de Renato mestrar também, mas no mundo de Forgotten Realms. Aliás, foi assim que o nome do grupo surgiu: pelo fato de nem todos os jogadores lembrarem que existia uma sessão marcada às 8 horas da manhã.
Sim, nós jogávamos 8 horas da manhã até umas 14 ou 15 horas. O horário pouco comum se devia ao fato de Renato trabalhar aos domingos de tarde. Luisão também preferia de manhã porque teria o domingo todo livre. Eu passei a gostar do horário, por mais que beber coca-cola fosse muito indigesto a esta hora, porque podia acompanhar os jogos do Flamengo às 16 horas costumeiras.
Como vocês perceberam, Parak (Pablo) e sir Allan (Alan) não participaram ativamente desse episódio. Isso se deve ao fato deles não serem tão frequentes assim e raramente terem jogado ao mesmo tempo com Daniel e Raphael.
A caçada do grupo aos goblinóides por motivos vingativos de Lander é uma interpretação das mestragens de Luisão, em um cenário de campanha criado por ele mesmo que era um arremedo da Terra Média. A gente, inclusive, a chamava de Terra Intermediária. As histórias não faziam muito sentido, era uma jornada infinita atrás de coisas que não me recordo muito bem, onde enfrentávamos muitos inimigos, desde goblinóides a dragões, gnolls, mercenários, gigantes e, mais no futuro, drows.

Concomitantemente, acabamos jogando Forgotten Realms com Renato também, mas com menos gente. Durante a campanha de Luisão, entretanto, muita gente apareceu apenas uma ou duas vezes para fazer uma ponta e depois desaparecer. Vamos ver como isto será colocado nos episódios do grupo em Arton.

Nenhum comentário: